A pouco mais de um
ano da eleição, pesquisa Ipsos revela que só 6% se sentem representados pelos
políticos nos quais já votaram e apenas 50% defendem a democracia
Daniel
Bramatti, O Estado de S.Paulo
13 Agosto 2017 | 05h00
A pouco mais de um ano das eleições para a Presidência, os
governos estaduais e o Congresso Nacional, os brasileiros manifestam rejeição
generalizada à classe política, independentemente de partidos, e ao atual
modelo de governo. Segundo pesquisa do instituto Ipsos, apenas 6% dos eleitores
se sentem representados pelos políticos em quem já votaram.
Desde
novembro do ano passado houve queda de nove pontos porcentuais na taxa dos que
se consideram representados. A onda de negativismo contamina a percepção sobre
a própria democracia: só metade da população considera que esse é o melhor
regime para o Brasil, e um terço afirma que não é. Quando os eleitores são
questionados especificamente sobre o modelo brasileiro de democracia, a taxa de
apoio é ainda mais baixa: 38% consideram que é o melhor regime, e 47%
discordam. A pesquisa também mostra que 74% são contra o voto obrigatório.
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Passado pouco mais de um ano das manifestações de massa que
culminaram no fim do governo petista de Dilma Rousseff, nada menos do que 81%
dos entrevistados pelo Ipsos manifestaram concordância com a afirmação de que
“o problema do País não é o partido A ou B, mas o sistema político”.
Para
94%, os políticos que estão no poder não representam a sociedade. Apenas 4%
acham o contrário. Quem está na oposição também é alvo de desconfiança. Quando
a pergunta é sobre os políticos em quem os entrevistados já votaram em algum
momento, 86% dizem não se sentir representados.
Distância. “Segundo a opinião
pública, os eleitos não representam os eleitores”, observa Rupak Patitunda, um
dos responsáveis pela pesquisa Ipsos. “A democracia no Brasil, desta forma, não
é representativa.”
Só
um em cada dez cidadãos vê o Brasil como um país onde a democracia é
respeitada. Para 86%, isso não ocorre. “A própria democracia, o que se espera
de seu conceito, não é respeitada”, afirma o pesquisador. “Há uma expectativa
sobre o regime que não é atendida pelos seus clientes.”
A percepção de desrespeito às normas democráticas pode estar
relacionada à ideia de desigualdade. Para 96% dos entrevistados pelo instituto,
todos devem ser iguais perante a lei, mas somente 15% consideram que essa regra
é devidamente observada no Brasil.
É
também quase consensual a noção de que a corrupção é um entrave para que o País
alcance um nível mais avançado de desenvolvimento.
Nove em cada dez eleitores concordam com as avaliações de que “o
Brasil tem riquezas suficientes para ser um país de primeiro mundo”, de que “o
Brasil poderia ser um país de primeiro mundo se não fosse a ação da corrupção”
e de que “o Brasil ainda pode ser um país de primeiro mundo quando acabar com a
corrupção”.
‘Causas comuns’. Os dados do Ipsos mostram que, após um ciclo de
acirramento da polarização política no País, há uma ânsia por iniciativas de
conciliação. Nada menos do que 88% dos entrevistados concordam com a afirmação
de que “as pessoas deveriam se unir em torno das causas comuns, e não brigar
por partido A ou partido B”. Parcela similar considera que “brigar por partido
A ou B faz com que as pessoas não discutam os reais problemas do Brasil”.
Os dados do Ipsos são parte de um levantamento
chamado Pulso Brasil, feito mensalmente desde 2005 para monitorar a opinião
pública sobre política, economia, consumo e questões sociais. Foram ouvidas 1,2
mil pessoas, em 72 municípios, entre 1.º e 14 de julho. A margem de erro é de
três pontos porcentuais para mais ou para menos.
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