Duvido que esta pergunta não tenha assaltado a mente de todos os
brasileiros nestes tempos de turbulência moral. Será que vale a
pena?
São tantos os “será que vale a pena?” que nos perguntamos que se formos
fundo em sua análise podemos até cair em profunda depressão. Aqui vão algumas
dessas perguntas:
1. Será que vale a pena ser
honesto?
2. Será que vale a pena ser
ético?
3. Será que vale a pena ser
justo?
4. Será que vale a pena ser
fiel?
5. Será que vale a pena ser
paciente?
6. Será que vale a pena ser
humilde?
7. Será que vale a pena ser
correto?
8. Será que vale a pena falar a
verdade?
9. Será que vale a pena ensinar nossos filhos os
valores morais tradicionais?
10.
Será que vale a pena
estudar?
11.
Será que vale a pena
trabalhar tanto?
12.
Será que vale a pena ler
jornais, ouvir e ver notícias no rádio e na
TV?
13.
Será que vale a pena não
ser um alienado?
14.
Será que vale a
pena....?
E tenho certeza que o leitor completará esta
lista com mais uns dez “será que vale a pena?”. Mas será que vale a pena
completar esta lista, ou mesmo continuar lendo este artigo ou mesmo ler alguma
coisa?
Nestes tempos de turbulência moral ficamos
todos um pouco mais filósofos porque ficamos enojados de tanta lama e sentimos,
como seres humanos, uma enorme falta de alguma coisa mais elevada, mais decente,
menos nojenta para encher o nosso espírito e a nossa alma. Talvez esteja aqui um
benefício a ser visto pelos que ainda tentam acreditar numa possível grandeza do
espírito humano. Os grandes filósofos surgiram em épocas de grande turbulência
histórica, de Sócrates a Sartre, de Epicuro a Kant, todos questionaram as
mazelas do tempo em que viviam.
A verdade, porém é que ao chegar de um dia
estafante de trabalho e assistir aos “não vi nada”, “não sei de nada”, “nunca
estive lá”, temos uma enorme dificuldade de nos lembrar dos conselhos da
Phronésis (filosofia prática) dos antigos atenienses. Somos invadidos por
uma raiva silenciosa e, como disse um dos envolvidos, sentimos medo até de que
sejam libertados em nós “os mais primitivos instintos” que mantemos cativos pela
vida civilizada.
A verdade é quando olhamos para o nosso contra-cheque vis-a-vis a
nossas dívidas no cheque especial; quando vemos o cashflow negativo de
nossa empresa e quando vemos tantas oportunidades de negócio que não podemos
aproveitar por razões puramente éticas, novamente a pergunta “será que vale a
pena?” nos vem à mente.
Portanto, nestes tempos de turbulência moral,
parece que um novo dever ocorre aos honestos, aos éticos, aos empresários,
presidentes, diretores, chefes que não se corromperam e se negam a deixar-se
corromper. Acredito que seja o momento mais que oportuno de reunir nossos
colaboradores e falar a eles, com toda a clareza que ainda valem a pena os
princípios da moral e da ética. É preciso que eles saibam de nossa própria boca
que ainda há pessoas que não se compram e pessoas que não se vendem. É preciso
que nos vejam afirmar e reafirmar que ainda há motivos para ter esperança nas
pessoas e neste Brasil, que por certo, mais uma vez, se mostrará machucado e
combalido, mas ainda maior que a crise.
Pense nisso. Sucesso!
Luiz
Marins