A definição de injustiça social tende a ser múltipla,
a depender do aspecto e das condições em que é analisada.
De modo simples e sucinto, o padrão de injustiça ocorre
quando dois indivíduos semelhantes e em iguais condições
recebem tratamento desigual.
Para que haja um parâmetro no tratamento dado pela Justiça
alguns critérios foram estabelecidos no decorrer da história:
a) a justiça considera, nas pessoas, as virtudes ou os méritos;
b) a justiça trata os seres humanos como iguais;
c) trata as pessoas de acordo com suas necessidades, suas capacidades
ou tomando em consideração tanto umas quanto outras.
Todos sabem que a justiça é feita pelos homens, e por isso
mesmo ela se aperfeiçoa à medida que as sociedades também se
desenvolvem, não apenas economicamente, mas principalmente ao ampliar
os direitos civis, políticos e/ou sociais da população. Por outro lado, a Justiça
acaba expressando muitas vezes interesses parciais, ao contemplar, de um
modo direto ou indireto, expectativas que atendam às elites econômicas e
sociais – os donos do poder.
No Brasil, as causas da injustiça social são muitas e profundas.
Nossa cultura assimilou e aceitou conviver com certo tipo de violência, talvez
a mais brutal, que é a escravidão, acreditando ser possível o ajustamento de
ideais libertários e democráticos com uma estrutura social completamente injusta;
aceitamos com certa naturalidade e por séculos, os privilégios de poucos
coexistindo com a supressão dos direitos de outros. Na atualidade, são sabidas
e diversas as pesquisas sociais que confirmam que a injustiça social atinge
determinados grupos sociais, como por exemplo: as mulheres recebem salários
menores que os homens, ocorrendo o mesmo com os negros e a violência afeta
muito mais os jovens que possuem baixa escolaridade e os que estão desempregados.
De modo geral, a relação entre o desenvolvimento econômico e as políticas sociais
sempre foram perversas. No Brasil, havia a ideia de que era necessário o país crescer
economicamente para que o “bolo” fosse posteriormente dividido, comprovado, em
seguida, ser uma falácia. Assim, diversos fatores contribuíram e contribuem para o
aprofundamento das injustiças sociais. Ocorre que os fatores de desagregação social,
somados ao aceleramento da inflação – e mesmo depois da inflação controlada –,
provocaram o agravamento da concentração de renda. Em boa parte dos países pobres,
assim como no Brasil, a concentração de renda é um dos fatores cruciais para a
existência da injustiça social.
É notório que o Brasil não é um país pobre, no entanto, também é visível a má distribuição
dos recursos produzidos. Parte de nossas riquezas está nas mãos de poucas
pessoas/famílias/empresas, enquanto parte considerável da população não tem
acesso a emprego, educação, saúde, moradia, alimentação, etc. Não se pode
ignorar que a impunidade e a corrupção também contribuem intensamente para o
agravamento do quadro.
Historicamente, os governos brasileiros gastaram mal os recursos destinados às
áreas sociais. As políticas sociais não foram capazes de reverter o quadro de injustiça
social que atinge milhares de brasileiros que estão abaixo da linha da pobreza.
Nos governos de FHC (1994-2002) e Lula (2003-2010), alguns programas sociais
amenizaram a situação e tiraram apenas uma parte dos excluídos da situação de miséria.
Porém, ainda há muito que fazer e muitos continuam desassistidos!
É de se lamentar e indignar que em pleno século XXI ainda existam milhares de pessoas
morrendo de fome e/ou vivendo em situação de miséria absoluta.
O certo é que no regime democrático, mesmo sendo recente no Brasil, surgem
possibilidades
da participação, do debate e da indignação popular frente às injustiças sociais.
A sociedade brasileira vem cobrando, cada vez mais, dos atores políticos medidas
eficientes e eficazes de políticas sociais inclusivas.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Sociologia - Brasil Escola
fonte:http://www.brasilescola.com/sociologia/fome-miseria-altos-impostos.htm
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