Oito textos nota mil
Veja
abaixo exemplos de textos nota mil que constam na cartilha.
Redação de Vinícius Oliveira de Lima
Tolerância na prática
"A Constituição Federal de 1988 –
norma de maior hierarquia no sistema jurídico brasileiro – assegura a todos a
liberdade de crença. Entretanto, os frequentes casos de intolerância religiosa
mostram que os indivíduos ainda não experimentam esse direito na prática. Com
efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre os caminhos para combater a
intolerância religiosa é medida que se impõe.
Em primeiro plano, é necessário que a
sociedade não seja uma reprodução da casa colonial, como disserta Gilberto
Freyre em “Casa-grande e Senzala”. O autor ensina que a realidade do Brasil até
o século XIX estava compactada no interior da casa-grande, cuja religião
oficial era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas – eram
marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhes deram aparência
cristã, conhecida hoje por sincretismo religioso. No entanto, não é razoável
que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser
repudiado em um Estado laico, a fim de que se combata a intolerância de crença.
De outra parte, o sociólogo Zygmunt
Bauman defende, na obra “Modernidade Líquida”, que o individualismo é uma das
principais características – e o maior conflito – da pós-modernidade, e,
consequentemente, parcela da população tende a ser incapaz de tolerar
diferenças. Esse problema assume contornos específicos no Brasil, onde, apesar
do multiculturalismo, há quem exija do outro a mesma postura religiosa e seja
intolerante àqueles que dela divergem. Nesse sentido, um caminho possível para
combater a rejeição à diversidade de crença é desconstruir o principal problema
da pós-modernidade, segundo Zygmunt Bauman: o individualismo.
Urge, portanto, que indivíduos e
instituições públicas cooperem para mitigar a intolerância religiosa. Cabe aos
cidadãos repudiar a inferiorização das crenças e dos costumes presentes no
território brasileiro, por meio de debates nas mídias sociais capazes de
desconstruir a prevalência de uma religião sobre as demais.
Ao Ministério Público, por sua vez,
compete promover as ações judiciais pertinentes contra atitudes individualistas
ofensivas à diversidade de crença. Assim, observada a ação conjunta entre
população e poder público, alçará o país a verdadeira posição de Estado
Democrático de Direito."
Redação de Jordana Bottin Ecco
"Prática religiosa um direito de
todos
A curiosidade humana acerca do
desconhecido e a sua incapacidade de explicá-lo através da razão fez com que,
desde os primórdios, o homem atribuísse acontecimentos do seu cotidiano à
vontade de seres sobrenaturais. Apesar dos avanços científicos e de suas
respostas lógicas para fatos da realidade, as crenças em divindades perpassaram
a história e continuam muito presentes nas sociedades, talvez por suprirem a
necessidade humana de reconforto, talvez por levarem à transcendência
espiritual. Atualmente, a grande diversidade religiosa existente traz a
possibilidade de escolha a cada cidadão e essa liberdade é, ou deveria ser,
garantida a todos os membros de uma população. Contudo, práticas de
intolerância religiosa vêm impedindo um número cada vez maior de pessoas de
exercitarem tal direito, ferindo sua dignidade e devendo, portanto, serem
combatidas veementemente.
O contexto histórico brasileiro
indubitavelmente influencia essa questão. A colonização portuguesa buscou
catequizar os nativos de acordo com a religião europeia da época: a católica.
Com a chegada dos negros africanos, décadas depois, houve repressão cultural e,
consequentemente, religiosa que, infelizmente, perpetua até os dias de hoje.
Prova disso é o caso de uma menina carioca praticante do candomblé que, em
junho de 2015, foi ferida com pedradas, e seus acompanhantes, alvos de
provocações e xingamentos. Ainda que a violência verbal, assim como a física,
vá contra a Constituição Federal, os agressores fugiram e, como em outras
ocorrências, não foram punidos.
Além disso, é importante destacar que
intolerância religiosa é crime de ódio: não é sobre ter a liberdade de
expressar um descontentamento ou criticar certa crença, mas sim sobre a
tentativa de imposição, a partir da agressão, de entendimentos pessoais acerca
do assunto em detrimento dos julgamentos individuais do outro sobre o que ele
acredita ser certo ou errado para sua própria vida.
Tal visão etnocêntrica tem por
consequência a falta de respeito para com o próximo, acarretando em episódios
imprescritíveis e humilhantes para aqueles que os vivenciam. Conclui-se, então,
que o combate à discriminação religiosa é de suma importância para que se
assegure um dos direitos mais antigos a todas as pessoas e, por conseguinte,
seu bem-estar.
Para isso, é preciso que os órgãos
especializados, em parceria às delegacias de denúncia, ajam de acordo com a
lei, investigando e punindo os agressores de forma adequada. Ademais, o governo
deve promover campanhas contra condutas de intolerância e as escolas devem
gerar debates, informando seus alunos sobre o tema e desconstruindo
preconceitos desde cedo. Por fim, a mídia pode abordar a intolerância religiosa
como assunto de suas novelas, visto que causa forte impacto na vida social.
Assim, o respeito será base para a construção de um Brasil mais tolerante e
preocupado com a garantia dos direitos humanos de sua população."
Redação de Giovanna Tami Soares
Takahashi
"Segundo a atual Constituição
Federal, o Brasil é um país de Estado laico, ou seja, a sociedade possui o
direito de exercer qualquer religião, crença ou culto. Entretanto, essa
liberdade religiosa encontra-se afetada, uma vez que é notório o crescimento da
taxa de violência com relação à falta de tolerância às diferentes crenças.
Assim, diversas medidas precisam ser tomadas para tentar combater esse
problema, incitando uma maior atenção do Poder Público, juntamente com os
setores socialmente engajados, e das instituições formadoras de opinião.
Nesse contexto, vale ressaltar que a
intolerância religiosa é um problema existente no Brasil desde séculos
passados. Com a chegada das caravelas portuguesas, as quais trouxeram os padres
jesuítas, os índios perderam a sua liberdade de crença e foram obrigados, de
maneira violenta, a se converter ao catolicismo, religião a qual era
predominante na Europa. Além disso, os africanos escravizados que aqui se
encontravam também foram impedidos de praticar seus cultos religiosos, sendo
punidos de forma desumana caso desrespeitassem essa imposição. Atualmente,
constata-se que grande parcela da população brasileira herdou essa forma de
pensar e de agir, tratando pessoas que acreditam em outras religiões de maneira
desrespeitosa e, muitas vezes, violenta, levando instituições públicas e privadas
à busca de soluções para reverter isso.
Sob esse viés, ressalta-se que algumas
ações já foram realizadas, como a criação da lei de proteção ao sentimento
religioso e à prática de diferentes cultos. Entretanto, as medidas tomadas até
então não são suficientes para inibir essa problemática, uma vez que a fraca
punição aos criminosos e a falta de conscientização da sociedade são alguns dos
principais motivos que ocasionam a persistência de atos violentos em
decorrência da intolerância religiosa. Outrossim, a falta de comunicação dos
pais e das escolas com os jovens sobre esse assunto é um agravante do problema,
aumentando as possibilidades destes agirem de maneira desrespeitosa.
Diante disso, para combater a
intolerância religiosa, cabe ao Governo intensificar esforços, criando leis
específicas e aumentando o tempo de punição para quem comete qualquer tipo de
violência devido à religião. Ademais, é necessária a criação de campanhas
midiáticas governamentais de conscientização, com o apoio da imprensa socialmente
engajada, e a divulgação destas através dos diversos meios de comunicação e das
redes sociais, que mostrem a importância do respeito à liberdade de escolha e
às diferentes crenças, uma vez que o Brasil é um país com inúmeros grupos e
povos, cada um com seus costumes. Além disso, a participação das instituições
formadoras de opinião é de grande importância para a educação dos jovens com
relação ao respeito às diferentes religiões, com as escolas realizando
palestras e seminários sobre o assunto e as famílias intensificando os diálogos
em casa."
Redação de Tamyres dos Santos Vieira
“É mais fácil desintegrar um átomo que
um preconceito”. Com essa frase, Albert Einstein desvelou os entraves que
envolvem o combate às diversas formas de discriminação existentes na sociedade.
Isso inclui a intolerância religiosa, comportamento frequente que deve ser
erradicado do Brasil.
Desde a colonização, o país sofre com
imposições religiosas. Os padres jesuítas eram trazidos pelos portugueses para
catequizar os índios, e a religião que os nativos seguiam – a exaltação da
natureza – era suprimida. Além disso, a população africana que foi trazida como
escrava também enfrentou fortes repressões ao tentar utilizar sua religião como
forma de manutenção cultural. É relevante notar que, ainda hoje, as religiões
afro-brasileiras são os maiores alvos de discriminação, com episódios de
violência física e moral veiculados pelas mídias com grande frequência.
Concomitantemente, ainda que o Brasil
tenha se tornado um Estado laico, com uma enorme diversidade religiosa devido à
grande miscigenação que o constituiu, o respeito pleno às diferentes escolhas
de crença não é realidade. A palavra religião tem sua origem em “religare”, que
significa ligação, união em torno de um propósito; entretanto, ela tem sido
causa de separação, desunião. Mesmo que legislações, como a Constituição
Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, já prevejam o direito à
liberdade de expressão religiosa, enquanto não houver amadurecimento social não
haverá mudança.
Por tudo isso, é imprescindível que
todos os segmentos sociais unam-se em prol do combate à intolerância religiosa
no Brasil. Assim, cumpre ao governo efetivar de maneira mais plena as leis
existentes. Ademais, cabe às escolas e às famílias educarem as crianças para
que, desde cedo, aprendam que têm o direito de seguir suas escolhas, mas que
devem ser tolerantes e respeitar as crenças do outro, afinal, como disse Nelson
Mandela, “a educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo”. Dessa forma, assim
com a desintegração de um átomo tornou-se simples na atualidade, preconceitos
poderão ser quebrados."
Redação de João Vitor Vasconcelos Ponte
"O Brasil foi formado pela união
de diversas bases étnicas e culturais e, consequentemente, estão presentes em
seu território várias religiões. Entretanto, nem essa diversidade nem a
liberdade religiosa garantida pela Constituição Cidadã faz com que o país seja
respeitoso com as diferentes crenças. Fazendo uma analogia com a filosofia
kantiana, a intolerância existente pode ser vista como o resultado de fatores
inatos ao indivíduo com o que foi incorporado a partir das experiências
vividas.
Em primeiro lugar, é notória a
dificuldade que há no homem em aceitar o diferente, principalmente ao se tratar
de algo tão pessoal como a religião. Prova disso é a presença da não aceitação
das crenças alheias em diferentes regiões e momentos históricos, como no
Império Romano antigo, com as persiguições aos cristãos, na Europa Medieval,
com as Cruzadas e no atual Oriente Médio, com os conflitos envolvendo o Estado
Islâmico. Também pode-se comprovar a existência da intolerância religiosa pela
frase popular “religião não se discute”, que propõe ignorar a temática para
evitar os conflitos evidentes ao se tratar do assunto.
Desse modo, nota-se que a intolerância
não se restringe a um grupo específico e é, de certa forma, natural ao ser
humano, o que, porém, não significa que não pode o deve ser combatida. Além da
intolerância inata ao homem, há fatores externos que intensificam o problema.
No cenário brasileiro, o processo colonizador e seus legados, que perduram até
hoje, são os principais agravantes desse preconceito. Desde a chegada dos
europeus no país, as religiões diferentes da oficial são discriminadas. Logo no
início da colonização, o processo de catequização dos nativos foi incentivado,
o que demonstra o desrespeito com as religiões
indígenas, e, décadas depois, com o início
do tráfico negreiro, houve também perseguição às religiões afrobrasileiras e a
construção de uma imagem negativa acerca delas. Toda essa mentalidade
perpetuou-se no ideário coletivo brasileiro e, apesar dos avanços legais, faz
com que essas religiões sejam as mais afetadas pela intolerância atualmente.
É necessário, pois, que se reverta a
mentalidade retrógrada e preconceituosa predominante no Brasil. Para tal, o
Estado deve veicular campanhas de conscientização, na TV e na internet, que
informem a população sobre a diversidade religiosa do país e a necessidade de
respeitá-las. Essas campanhas também podem, para facilitar a detecção e o
combate ao problema, divulgar contatos para denúncia de casos de intolerância
religiosa. Concomitantemente, é fundamental o papel da escola de pregar a
tolerância já que, segundo Immanuel Kant, “o homem é aquilo que a educação faz
dele”. Portanto, a escola deve promover palestras sobre as diferenças crenças
do país, ministradas por especialistas na área ou por membros dessas religiões,
a fim de quebrar estereótipos preconceituosos e tornar os jovens mais
tolerantes."
Redação de Desirée Macarroni Abbade
"Profecia futurística
Em meados do século passado, o escritor
austríaco Stefan Zweig mudou-se para o Brasil devido à perseguição nazista na
Europa. Bem recebido e impressionado com o potencial da nova casa, Zweig
escreveu um livro cujo título é até hoje repetido: “Brasil, país do futuro”.
Entretanto, quando se observa a deficiência das medidas na luta contra a
intolerância religiosa no Brasil, percebe-se que a profecia não saiu do papel.
Nesse sentido, é preciso entender suas verdadeiras causas para solucionar esse
problema.
A princípio, é possível perceber que
essa circunstância deve-se a questões políticas-estruturais. Isso se deve ao
fato de que, a partir da impunidade em relação a atos que manifestem
discriminação religiosa, o seu combate é minimizado e subaproveitado, já que
não há interferência para mudar tal situação. Tal conjuntura é ainda
intensificada pela insuficiente laicidade do Estado, uma vez que interfere em
decisões políticas e sociais, como aprovação de leis e exclusão social. Prova
disso, é, infelizmente, a existência de uma “bancada evangélica” no poder
público brasileiro. Dessa forma, atitudes agressivas e segregacionistas devido
ao preconceito religioso continuam a acontecer, pondo em xeque o direito de
liberdade religiosa, o que evidencia falhas nos elementos contra a intolerância
religiosa brasileira.
Outrossim, vale ressaltar que essa
situação é corroborada por fatores socioculturais. Durante a formação do Estado
brasileiro, a escravidão se fez presente em parte significativa do processo, e
com ela vieram as discriminações e intolerâncias culturais, derivados de
ideologias como superioridade do Homem Branco e Darwinismo Social.
Lamentavelmente, tal perspectiva é vista até hoje no território brasileiro. Bom
exemplo disso são os índices que indicam que os indivíduos seguidores e
pertencentes das religiões afro-brasileiras são os mais afetados. Dentro dessa
lógica, nota-se que a dificuldade de prevenção e combate ao desprezo e
preconceito religioso mostra-se fruto de heranças coloniais discriminatórias,
as quais negligenciam tanto o direito à vida quanto o direito de liberdade de
expressão e religião.
Torna-se evidente, portanto, que os
caminhos para a luta contra a intolerância religiosa no Brasil apresentam
entraves que necessitam ser revertidos. Logo, é necessário que o Governo
investigue casos de impunidade por meio de fiscalizações no cumprimento de leis,
abertura de mais canais de denúncia e postos policiais. Além disso, é preciso
que o poder público busque ser o mais imparcial (religiosamente) possível, a
partir de acordos pré-definidos sobre o que deve, ou não, ser debatido na
esfera política e disseminado para a população. Ademais, as instituições de
ensino, em parceria com a mídia e ONGs, podem fomentar o pensamento crítico por
intermédio de pesquisas, projetos, trabalhos, debates e campanhas publicitárias
esclarecedoras. Com essas medidas, talvez, a profecia de Zweig torne-se
realidade no presente."
Redação de Isabella Ribeiro de Sena
Carvalho
"Embora seja direito assegurado a
todos os cidadãos pela Constituição Federal, a liberdade religiosa não é
garantida de modo isonômico aos brasileiros. Ora velada, ora implícita, a
intolerância quanto ao diferente faz parte da realidade do país. Infelizmente,
o desconhecimento da população em relação ao processo de formação da nação e a
falta de punição sob os que atentam contra a religião do próximo impedem que o respeito
à diversidade cultural brasileira seja consolidado.
Segundo os sociólogos da chamada
“Geração de 30”, muito importantes para o desenvolvimento da antropologia no
país, o Brasil é formado por uma fricção interétnica. Isto é, desde os tempos
da colonização, diferentes culturas compartilham o mesmo território. Contudo,
tal interação não ocorre de forma harmônica, uma vez que a persistência do
pensamento eurocêntrico do século XVI, que considera os costumes de outros
povos como inferiores, gera a intolerância religiosa dos dias atuais.
Inquestionavelmente, o preconceito quanto às culturas minoritárias ainda é
muito marcante no país, o que é responsável por quadros de violência e por
conflitos sociais. O caso de apedrejamento de uma menina de onze anos vestida
com trajes típicos do candomblé, ocorrido no Rio de Janeiro, é prova da falta
de respeito de parte dos brasileiros às diferentes culturas que formam o país.
De modo análogo, a certeza da
impunidade faz com que crimes de ódio continuem acontecendo. Consoante aos
ideais liberais de John Locke, as leis brasileiras caracterizam-se pelo
respeito às liberdades individuais, o que é, sem dúvidas, uma grande conquista
dos brasileiros. Todavia, o que é proposto pela legislação não é colocado em
prática integralmente, contribuindo, assim, para o crescimento do preconceito
no país. O crescente número de denúncias relacionadas à intolerância religiosa,
constatadas pela Secretaria dos Direitos Humanos, comprova que uma parcela da
população brasileira ainda não tem acesso à plena liberdade de culto e
religião.
A fim de garantir, portanto, a equidade
na garantia de direitos à população, são necessárias transformações na
sociedade brasileira. O Ministério da Educação, primeiramente, deve inserir à
matriz curricular estudantil debates e estudos antropológicos acerca do
processo de formação do país, de modo a valorizar a participação das mais
variadas culturas na composição da identidade brasileira. Ademais, cabe ao
Ministério do Desenvolvimento Social a realização de palestras, sarais e
exposições que exaltem a importância do respeito à diversidade religiosa do
Brasil. Por fim, cabe às Secretarias de Segurança Pública a criação de
delegacias especializadas na investigação de crimes que envolvam a intolerância
religiosa, de modo a intensificar o combate a tal preconceito. Afinal, somente
com a cooperação entre Estado e sociedade será possível lutar contra a
intolerância, um mal que ameaça o Brasil."
Redação de Nathalia Couri Vieira
Marques
"Existem, atualmente, diversos
conflitos religiosos no mundo, fato que pode ser exemplificado pelas ações do
Estado Islâmico, que utiliza uma visão radical do islamismo sunita. Nesse
contexto, percebe-se que tal realidade de intolerância também ocorre no Brasil,
um país com dimensões continentais e grande diversidade religiosa. Assim,
tornam-se progressivamente mais comuns episódios de violência motivados pela
religião, o que é contraditório, visto que o Brasil é laico e a Constituição de
1988 garante a liberdade de crença das diferentes manifestações culturais.
Portanto, medidas que alterem essa situação devem ser adotadas.
A globalização é um processo que tende
à homogeneização, à cultura de massa. No entanto, ainda existem diversas formas
de expressão cultural e artística, assim como de manifestações religiosas.
Dessa maneira, surge na população um preconceito latente, que pode evoluir e
motivar a prática de atos violentos pelo indivíduo. Essa situação pode ser
considerada reflexo da visão etnocêntrica de parte da sociedade, que considera
seus costumes e crenças superiores aos hábitos dos demais. A educação
brasileira, que, na maioria das vezes, é altamente conservadora, agrava a
questão.
Também é válido ressaltar que o aumento
na eleição de políticos conservadores e que assumem uma postura radical na
defesa de suas ideologias dificulta a diminuição da intolerância religiosa no
Brasil. A ausência de representantes das minorias religiosas impede a
implantação de políticas afirmativas e que garantam, de fato, a potencialização
da tolerância e da igualdade na manifestação das diversas crenças. Como,
segundo Marilena Chauí, a democracia é baseada na igualdade, liberdade e
participação, percebe-se que a não participação de toda a sociedade na
política, aliada à frágil liberdade religiosa, dificultam a existência de um
regime democrático pleno no Brasil.
Portanto, é necessária a criação de
cotas, ação que deve ser feita pelo poder público, que garantam a presença de
representantes das diversas expressões religiosas na política, o que permitiria
a aprovação de medidas afirmativas que reduziriam a intolerância no Brasil.
Além disso, é válida a implantação de espaços de discussão nas escolas,
direcionadas aos pais e alunos, sobre a diversidade de expressões culturais, o
que conscientizaria os futuros cidadãos sobre a legitimidade de cada
manifestação religiosa e diminuiria a visão etnocêntrica presente nos
indivíduos. Por fim, deve haver a criação de campanhas nas redes sociais,
realizadas pela sociedade civil, que amenizem o preconceito presente na
população, o que conduziria a uma sociedade progressivamente mais justa,
igualitária e democrática."
Fonte: